quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Conto de uma tarde



Mirna andava pela rua entediada e cansada da rotina, olhava e procurava em todos os cantos e ruas do centro, algo diferente do branco das paredes que acostumou a ver e já doíam seus olhos. Naquela manhã ela decidiu pintar, desde que chegara à capital, 10 anos antes, manteve fechada sua maletinha suja de tintas e esquecera a história de cada mancha na madeira, era somente sujeira.
Numa esquina da Rua Paraíba encontrou algo diferente, um movimento incomum de sua rotina. Mirna então resolveu se aproximar, mas a estranheza da estrutura, ali montada num pequeno jardim, a incomodava profundamente. Aproximou-se e não sabia por onde entrar pensou que talvez a construção não fosse feita pra gente entrar. Mas havia uma cobertura, de cor quente que mais parecia pára-quedas.
Observou pessoas lá dentro e decidiu entrar. Mirna sentiu-se deslocada, aquele lugar diferente com pessoas diferentes não fazia sentido na ordem da sua vida. Uns conversavam, outros dançavam ao som de um senhor que tocava, com muita propriedade um jazz, acompanhado por uma voz meio desafinada.
        Mirna acomodou-se onde podia, nem sabia se era lugar de sentar, como ninguém a repreendeu continuou ali mesmo. Reparou que conseguia ver um pouco do céu, um pouco das plantas e um lago vazio, não tinha decidido o que pintar, fechou os olhos, sentiu o vento e a música que tocava. Num momento de ímpeto abriu sua maleta pegou suas tintas e sem muito se organizar foi misturando as cores sem se preocupar muito com o futuro, sem rumo pintou. A música parou o sol se acolheu e ela continuou, fazendo das manchas de cor uma nova história.

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