segunda-feira, 15 de novembro de 2010

"Tempos modernos"

Observações sobre o transporte público na capital mineira no passado e hoje.

Se existe um assunto sempre presente nas reclamações dos belorizontinos, este com toda certeza é o trânsito. A insatisfação da população é proporcional ao grau de dificuldade que é fazer, por exemplo, o pecurso Pampulha-Centro. As ruas cada vez mais cheias de carros, faz com que algumas iniciativas, como o alargamento de principais vias de acesso ao centro, sejam realizadas a fim de comportar o volume de carros presentes na cidade. Mas isso tem dado certo?


A verdade é que o caos no trânsito de BH, é resultado direto de um transporte público ineficiente e caro. Um serviço público que deveria proporcionar conforto e praticidade,  acaba não atendendo satisfatóriamente à população, fazendo da capital mineira uma das maiores em proporção veículo por habitante do país. Enquantos os ônibus circulam lotados, os carros seguem com somente uma pessoa. O uso de bicicletas na cidade é muito restrito, o relevo acidentado e a falta de ciclovias inibem o uso desse meio de locomoção. Essa realidade, junto a relativa facilidade de adquirir um automóvel, contruibuiu e muito para os transtornos que vivenciamos no trânsito atualmente.  

Um transporte público de qualidade, pode e deve ser a solução para os grandes centros urbanos, evitando o grande volume de veículos individuais, usados para sanar uma deficiência na organização urbana. Mas a criação de um transporte público eficiente, exige grandes investimentos e isso envolve interesses políticos e sociais que afetam sistemáticamente a rotina da cidade. Com efeito, a história que envolve o crescimento de uma cidade, é de suma importância e nos faz enteder a conjuntura atual.  No caso de Belo Horizonte, primeira cidade brasileira planejada e executada nos moldes do modernismo, podemos identificar desde a sua construção, fatores importantes que definem os rumos do seu crescimento. 

Planejada para ser a capital política e administrativa do estado de Minas Gerais, Belo Horizonte sofreu fortes influências da ideologia positivista da República brasileira. Projetada pelo engenheiro Aarão Reis entre 1894 e 1897, elementos chaves do seu traçado incluem uma malha perpendicular de ruas cortadas por avenidas em diagonal, quarteirões de dimensões regulares e uma avenida em torno de seu perímetro,  conhecida hoje como Avenida do Contorno. "Sob o ponto de vista topográfico, a localidade era apropriada a uma cidade de 200 a 500 mil habitantes, seguindo todas as regras da higiene e da estética",de acordo com Samuel Gomes Ferreira, engenheiro responsável pelo estudo de Belo Horizonte.



A cidade seguiu em relativa instagnação por alguns anos, servindo básicamente como sede administrativa. No início da década de 1940 a cidade dobrou sua população, bem mais do que o previsto pela Comissão Construtora e passou por uma grande modernização. Consolidava-se a verticalização de sua área central. Assim como outras capitais do Brasil, os bondes serviram a população por muitos anos, em Belo Horizonte não foi diferente. No período de grande crescimento da cidade os bondes abrangiam mais regiões que o nosso metrô atual.
Rota atual do metrô de Belo Horizonte
Rota dos bondes em Belo Horizonte na década de 50
  Com uma linha indo até a Pampulha, o bonde seguia no canteiro central da Avenida Antônio Carlos. 

 


De forma gradual os ônibus foram inseridos nas ruas de Belo Horizonte, mas no fim dos anos 50, os bondes foram totalmente substituidos por ônibus elétricos, simbolizando inclusive, uma referência ao modernismo que neste período alcançava no Brasil seu apogeu com a construção de Brasília. Junto à construção da capital brasileira, o plano de metas do então presidente JK, promoveu a implatação da indústria automobilística e a construção de rodovias no Brasil. Influênciando diretamente no consumo desse mercado e fazendo o país dependente do transporte rodoviário.

 

Confirmada a participação de Belo Horizonte como uma das capitais sede nos jogos da Copa do mundo de 2014, os belorizontinos aguardam ansiosos por reformas urbanas que melhore a qualidade de vida na cidade e, consequentemente uma reforma substancial no sistema de transporte público. O tão sonhado metrô, que venha abranger mais regiões da cidade, parece ser ainda uma distante realidade, outras propostas como vias únicas para ônibus são estudadas e mais certas de serem implantadas. De fato, devemos estar conscientes de que somente abrir mais espaço para os carros não vai resolver o problema, pontos que envolvem meio ambiente, qualidade de vida e eficiência são de suma importância no desenvolvimento de projetos para nossa cidade.










 

3 comentários:

  1. ahahahha..
    o narrador do vídeo diz : "a retirada dos trilhos tem um valor simbólico de progresso"! Que dó, mal sabiam o que essa cidade iria se tornar.

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  2. Cara, adoro estas fotos antigas de BH! Queria muito ter vivido nesta época. Interessante é ver que o "ônibus sobre trilhos" que vão começar a construir na Antônio Carlos pra copa se assemelha ao velho bondinho na função e velocidade (não fazem mais de 40km/h)... e ele será montado exatamente no mesmo lugar! Prova de que progresso e retrocesso sempre andaram de mãos unidas.

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  3. massa de mais, vejo q o povo usava bondes, e hoje o trânsito tá caótico ...

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